quarta-feira, 10 de junho de 2009

Um caminho tem que ter coração

Esse diálogo entre Carlos Castañeda e D. Juan, na obra "A Erva do Diabo" foi muito importante nas minhas escolhas de vida.
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Segunda-feira, 28 de janeiro de 1963
- .... Há um meio especial de se evitar o sofrimento?
- Sim, há um Meio.
- É uma fórmula, um processo, ou o quê?
- É um modo de se agarrar as coisas. Por exemplo, quando eu estava aprendendo a respeito da erva-do-diabo, era por demais ansioso. Agarrava as coisas assim como as crianças agarram bala. A erva-do-diabo é apenas um entre um milhão de caminhos. Tudo é um entre um milhão de caminhos (un camino entre cantidades de caminos). Portanto, você deve sempre manter em mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve segui-lo, não deve permanecer nele, sob nenhuma circunstância. Para ter uma clareza dessas, é preciso levar uma vida disciplinada. Só então você saberá que qualquer caminho não passa de um caminho, e não há afronta, para si nem para os outros, em largá-lo se é isso o que seu coração lhe manda fazer. Mas sua decisão de continuar no caminho ou largá-lo deve ser isenta de medo e de ambição. Eu lhe aviso. Olhe bem para cada caminho, e com propósito. Experimente-o tantas vezes quanto achar necessário. Depois, pergunte-se, e só a si, uma coisa. Essa pergunta é uma que só os muito velhos fazem. Meu benfeitor certa vez me contou a respeito, quando eu era jovem, e meu sangue era forte demais para poder entendê-la. Agora eu a entendo. Dir-lhe-ei qual é: esse caminho tem coração? Todos os caminhos são os mesmos: não conduzem a lugar algum. São caminhos que atravessam o mato, ou que entram no mato. Em minha vida posso dizer que já passei por caminhos compridos, mas não estou em lugar algum. A pergunta de meu benfeitor agora tem um significado. Esse caminho tem um coração? Se tiver, o caminho é bom; se não tiver, não presta. Ambos os caminhos não conduzem a parte alguma; mas um tem coração e o outro não. Um torna a viagem alegre; enquanto você o seguir, será um com ele. O outro o fará maldizer sua vida. Um o torna forte; o outro o enfraquece.

Um comentário:

  1. Carlos Aranha Castaneda, sobrinho de Oswaldo Aranha, nasceu em Franco da Rocha, interior de São Paulo e foi criado pelo avo materno. Suas reminiscencias da infãncia são desse território. Por intermédio de Oswaldo Aranha, foi aos 15 a Buenos Aires e depois para os Estados Unidos. Em 1960, Castaneda dizia que tinha um tio que poderia ser presidente do Brasil. Pesquisa de Miguel e Ida Duclós. Reportagem minha no endereço:
    http://www.consciencia.org/neiduclos/O-SOBRINHO-DE-OSWALDO-ARANHA/

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