terça-feira, 14 de abril de 2009

Espiritualidade


Roberto Crema

Quando eu falo em espiritualidade, não estou me referindo a nenhuma igreja, a nenhuma religião particular, embora respeite todas. Refiro-me à espiritualidade como o fazia Einstein, apontando para uma vivência cósmica; ou, ainda, outro físico contemporâneo, Fritjof Capra, que denominou seu penúltimo livro de Pertencendo ao Universo.
Espiritualidade é uma consciência não-dual, uma consciência de participação, da parte no todo, que na essência é o amor, e na prática é solidariedade. Uma pessoa que despertou para essa dimensão espiritual é uma pessoa que não se vê separada do outro, da comunidade e do Universo. Eu pergunto: em sã consciência, você colocaria fogo no seu corpo? Se você sente-se não-separado do outro, você jogaria fogo em alguém que está dormindo num banco? E se você se sente não-separado da natureza, você iria empestá-la, destruir ecossistemas por uma neurose de progresso compulsivo, que foi decantada no século passado por Comte e que, agora, testemunhamos o lado sombrio dessa religião do progresso a qualquer custo, progresso a custa da hecatombe? Você empestaria a natureza se você se sentisse não-separado dela?
O investimento maciço na alma é a única estratégia que poderá viabilizar a perpetuação, com qualidade e dignidade de nossa espécie. Antigas e esquecidas lições: para que serve ganhar o mundo inteiro se você perdeu a sua alma, se você se perdeu de si mesmo, se você se esqueceu do ser que lhe faz ser? Felizmente, crise é também oportunidade de aprender e de evoluir. Gosto de confiar que o ser humano será a maior descoberta do terceiro milênio!

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